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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O partido que tenta se "limpar" com a própria sujeira


O ano de 2014 vai se encerrando, marcado, na política brasileira, por mais uma enxurrada de escândalos de corrupção envolvendo o (des)governo do PT. O Petrolão, evidentemente, é uma continuação do Mensalão, o que revela claramente o desmesurado objetivo petista de assaltar a máquina pública em todas a suas esferas para se perpetuar no poder. O ponto é esse, deve-se insistir, ou seja, se a corrupção não foi inventada pelo PT - e não foi mesmo, como bem se conhecem as histórias do Baixo Império Romano e de tantas outras cortes - adotá-la como método e como filosofia é sim uma estratégia sui generis do esquerdismo petista; assim, corromper vai muito além do desvio pontual de conduta a fim de obtenção de vantagens econômicas, pois é algo que se torna regra como modo de se alcançar, sobretudo, vantagens políticas. É exatamente isso que ainda requer entendimento aprofundado por parte da sociedade brasileira para que o PT, e não só ele, mas toda a organização esquerdista, sejam devidamente condenados e defenestrados.
O ministro petista Dias Toffoli declarou que os empresários privados são os principais beneficiários do Petrolão. Com isso, quis dar a entender que o mal não está instalado no Estado brasileiro. Ora, é uma análise absurda, uma vez que tenta esconder o simples fato de que os agentes corruptores estão instalados na esfera pública e que os corrompidos se favorecem de negócios escusos junto ao governo. O típico arranjo estatizante no qual o setor privado deixa de concorrer pelas vias de mercado, preferindo aliar-se aos "donos do poder", na expressão de Raymundo Faoro, é um péssimo hábito do socialismo. Isso porque as caixas de Pandora do BNDES e da Eletrobrás não foram abertas, pelo menos por enquanto...
A presidente Dilma Rousseff, em mais um de seus tantos discursos estapafúrdios, disse que as denúncias de corrupção não podem servir de pretexto para prejudicar as estatais. Tal fala, se já não fosse pelo absurdo do próprio conteúdo, é um acinte contra a sociedade brasileira, uma ridícula inversão da lógica, já que é justamente a corrupção que destrói as instituições nacionais.
A horda esquerdista, nela inclusos os militantes, os jornalistas vendidos e os intelectualóides procuram passar a ideia de que o PT combate a corrupção como nenhum outro partido ou governo anterior, daí exatamente a miríade de escândalos. Uma vez mais, prepondera a lógica de botequim: em primeiro lugar, desde o início das denúncias em 2005, o PT tenta desfazer o curso da realidade: ora a, corrupção é mera invenção da "mídia golpista" e da "zelite" (1), ora a cúpula do governo não sabia de nada (2), ora são apenas "coisas normais" que antes já se fazia (3). Os próceres petistas não podem sustentar as teses 1 e 2 ao mesmo tempo, pois não saber de nada não elimina a existência da corrupção; isoladamente, a tese 1 desmoronou tão logo as provas que culminaram no processo do Mensalão começaram a aparecer; a tese 2, ainda que contivesse um sopro de cabimento, ainda assim só serviria para indicar desatenção, irresponsabilidade e omissão por parte dos nomes mais importantes do governo; a tese 3 vai de encontro com o que expus no primeiro parágrafo e, ao contrário do efeito positivo que os adesistas do governo buscam conferir a ela, somente desnuda que o discurso petista enquanto oposição jamais passou de fachada. Na melhor das hipóteses, o PT seria igualzinho aos outros e, para quem tanto se gabava de ser o paladino único da ética e da transparência, agora está se contentando com muito pouco.
O PT não só não combate a corrupção, como tenta a todo momento varrê-la para baixo do tapete ou relativizá-la: além das três "justificativas" acima, continua tratando como heróis àqueles que foram condenados pela justiça, continua tentando calar a imprensa livre, elemento fundamental na investigação de tudo aquilo que se descobriu até hoje, tentou barrar o poder de investigação do Ministério Público, como também a CPI da Petrobrás. E nem é necessário lembrar que todas as denúncias até hoje partiram de dissidentes do petismo ou são fruto da delação premiada.
Há cerca de um mês foi publicado um artigo no jornal Folha de São Paulo que provocou euforia nos petistas e na esquerda em geral. Por motivos particulares, não vou entrar em detalhes sobre o mesmo. Por enquanto... De qualquer maneira, além de já ter sido categoricamente refutado devido à grande quantidade de inconsistências e contradições, seu conteúdo pode dar margem para incriminar o próprio autor. O PT faz sujeira e se "limpa" com ela...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O mágico poder da escuridão



"A cidade moderna praticamente desconhece a escuridão e o silêncio profundos, assim como o efeito de um lume solitário ou de uma voz distante". - Johan Huizinga, O outono da Idade Média

A última vez que pude observar o céu em sua plenitude, forrado de estrelas, foi em 2008, em Cambará do Sul (RS). A visão só ocorreu em virtude de eu estar em uma fazenda em local afastado e do fato da própria cidade ser pequena e desprovida de quantidade significativa de iluminação artificial, ou seja, o elemento propiciador foi a escuridão. Não só já faz um certo tempo, como constituiu uma das raras experiências desse tipo em se tratando de um sujeito moderno, o que comprova a apreciação de Huizinga.
Da Pré-História até o século XVIII, a observação dos astros foi responsável, ao mesmo tempo, por gerar distração e promover conhecimento ao ser humano. Antes mesmo do desenvolvimento científico se tornar mais sistemático no fim do período medieval e no Renascimento, muitos estudiosos antigos, tais quais Aristarco de Samos, Eratóstenes, Ptolomeu ou Abd al-Rahman al-Sufi já traziam contribuições notáveis no campo astronômico. As luzes das cidades e a poluição da era industrial, realidade que passou a dar a tônica da vida moderna há cerca de pouco mais de dois séculos, impediu que o céu continuasse sendo observado da mesma forma que outrora. Evidentemente, não estou tentando passar uma ideia anacrônica e contrária ao devir da história, pois seria utópico e inócuo imaginar uma volta ao passado pré-industrial. Tampouco se pode desprezar o avanço da Astronomia no mundo contemporâneo, tornado possível graças à tecnologia que permitiu descobertas e entendimentos precisos com os quais somente pouquíssimos homens de gênio à la Leonardo da Vinci poderiam vislumbrar em eras passadas. Trata-se apenas de pensar no completo afastamento, por parte das pessoas em geral, de determinadas situações que, uma vez experienciadas, poderiam tornar nossa vida mais rica. Isso é válido sobretudo porque as próprias atitudes do homem atual contribuem para que sua experiência de vida permaneça encerrada em certos limites, de algum modo, empobrecedores.
De cerca de vinte anos para cá, mais ou menos, com a progressiva verticalização de cidades como São Paulo, Campinas ou Rio de Janeiro, entre outras, a época do Natal tem feito com que a quantidade de luzes se torne ainda maior do que já é normalmente. Quem, por exemplo, de uma certa altura na janela de um prédio se ponha a olhar para o horizonte, terá diante das vistas um sem número de pisca-piscas, de várias cores, tamanhos e formatos. Andando pelas ruas, seja no comércio, ou nas próprias residências, encontra-se o mesmo. Há quem ache bonito e ajude a reproduzir esse efeito natalino contemporâneo. Eu mesmo, quando a prática começou a se tornar regra, confesso que me senti atraído pelos luminosos natalinos, mas agora, o extremo exagero tem me transmitido cada vez mais uma sensação de pastiche cafona. Além disso, o que é mais importante, aumenta as limitações quanto à atividade contemplativa em relação à escuridão e ao silêncio.
Em meio à infinitude de luzes regulares da cidade, realidade que, como já expus acima, se manifesta de modo inerente ao mundo de hoje, somam-se os efeitos sazonais de Natal. A tentativa de empreender um contraponto a esse quadro praticamente só pode se situar no âmbito do que nos restou, isto é, no plano de um exercício imaginativo - e um tanto quanto místico. Se desconsiderarmos algumas dúvidas históricas que pairam a respeito do nascimento de Jesus na manjedoura e da visita dos reis magos, seremos capazes de pensar que a fogueira acesa para aquecer o filho de José e Maria era o único ponto de luz em meio à escuridão, bem como o caminho de Baltazar, Gaspar e Melquior fora iluminado tão somente pelo luar e pelas estrelas.
O silêncio da noite é - ou pelos menos deveria ser - também um silêncio visual. As luzes do pensamento e da reflexão se intensificam à medida em que o breu exterior é mais profundo. Não há dúvida de que nós, modernos, somos extremamente carentes dessa experiência de escuridão e silêncio. Ainda que fosse apenas por algumas horas e até para que tivéssemos a oportunidade de pensar e refletir livres de todos os tipos de ruído, não seria interessante passar a noite de Natal, momento tão propício à quietude e ao desvendar da interioridade, sem o turbilhão ensurdecedor das luzes?

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O Palmeiras e as estruturas antimercadológicas do futebol brasileiro ou, qual futuro será escolhido?


Não sei se o Palmeiras será rebaixado na última rodada do Brasileiro 2014. A chance existe e não é pequena, muito maior do que qualquer cálculo probabilístico, em que o imponderável, típico do futebol, não atua. Em todo caso, escrevo antes do desfecho, seja da queda, seja da permanência na elite do futebol nacional.
Se o Palmeiras se mantiver na primeira divisão, a campanha horrorosa não será apagada, muito pelo contrário, pois o time terá alcançado a salvação no 16o. lugar, o primeiro fora do chamado Z4. Há quem tenha dito estes dias que se o Palmeiras escapar no próximo domingo, ainda assim deveria solicitar uma vaga na segunda divisão, dada a extrema ruindade de seu elenco. Esquecendo por um instante a paixão de torcedor, devo confessar que concordo plenamente com a ideia: uma instituição dona de tamanha tradição e história gloriosa não pode ter uma equipe tão abaixo da média, recheada por jogadores tão pernas de pau, comandada por um técnico fraco e paneleiro. Esse Palmeiras atual não merece a série A, a despeito dessa estar bem longe da excelência técnica.
Independente do resultado vindouro, no entanto, o que quero discutir vai bem além da mera consequência das péssimas administrações que têm marcado a história mais recente do alviverde. Todos sabem como a politicagem e os interesses escusos que imperam nas alamedas do Palestra Itália contribuem decisivamente para o atual estado de degeneração do futebol esmeraldino. Aos que agora têm investido sua fúria contra a modernidade futebolística de maneira indistinta, com relação a todos os aspectos dessa modernidade, pode-se inferir que aprovam as gestões dos Mustaphás e dos Belluzzos, exemplos claros de arcaísmo. Para quem nunca se sentou no cimento de uma arquibancada ou jamais precisou fugir de torcedores adversários na saída de um estádio, é fácil romantizar. Mas deixemos isso para lá...
O que considero bastante importante em termos de reflexão sobre o momento presente, não só do Palmeiras, mas do futebol brasileiro, está relacionado com o mercado, esse fator moderno que os populistas mencionados no artigo anterior tanto ojerizam. Foi surpreendentemente positivo observar Fábio Sormani dizer que o mercado não comporta três ou quatro times grandes com sede em uma mesma cidade, como é o caso da capital paulista. Os salários pagos a técnicos decadentes incapazes de entender as evoluções táticas dos últimos 15 ou 20 anos, bem como a jogadores, mesmo os medíocres ou abaixo disso, são pornográficos. Não há dinheiro suficiente para sustentar essa esbórnia. Por que chegou-se a tal ponto? Talvez porque o futebol tenha sido levado a sério mais do que deveria, atribuiu-se ao esporte mais significância do que ele possui. Muitas vinhetas televisivas tratando um jogo como se fosse uma guerra, muitos "analistas" discutindo o sexo dos anjos como se estivessem debatendo a respeito de metafísica kantiana. De tanto ser levado a sério, o tiro saiu pela culatra e o futebol brasileiro virou uma completa palhaçada. A meu ver, Paulo Nobre agiu corretamente quando instituiu o contrato por produtividade: jogador é funcionário do clube (que precisa ser pensado como empresa) e tem que receber de acordo com o que produz.
Hoje, em função da tragédia econômica causada pelo governo petista, o Brasil é um país que não atrai investimentos, menos ainda no futebol, tomado pela deficiência técnica, pelas cifras irreais e pelos desmandos da TV Globo. Quantias proibitivas continuam circulando, mas geralmente não estão atreladas a fatores como desempenho dentro de campo, tampouco são pagas de modo minimamente equitativo entre os clubes. Os patrocinadores fugiram quase completamente, exceto por parte de um banco estatal que investe dinheiro do contribuinte em entidades particulares. Trata-se de um quadro em que, na verdade, o mercado fica suplantado pelo poder político, com todos os interesses e disputas de poder que o mesmo traz a reboque. Capitalismo de Estado, nome mais pomposo para "socialismo".
Dos três clubes grandes sediados na cidade de São Paulo, um deles é o beneficiário dos esquemas de poder, aliado da politicagem e instrumento do pão e circo sem o qual o PT não teria fincado raízes na governança federal. Outro, é dono de uma riqueza patrimonial construída há várias décadas, mas que já não vem obtendo resultados tão satisfatórios nos últimos anos, ao contrário, as dívidas estão crescendo e os patrocinadores não têm dado as caras. Além disso, é uma instituição cuja torcida não pode ser considerada das mais apaixonadas nem está distribuída em âmbito nacional. O terceiro, é o Palmeiras, com sua torcida fanática, enorme consumidora de produtos oficiais, espalhada em várias regiões do Brasil como poucos clubes do país possuem.
O Palmeiras é uma instituição com potencial praticamente único no cenário nacional para galgar espaços de mercado até agora inexplorados pelos clubes brasileiros, em parte, devido à incompetência administrativa, caso em que o alviverde é exemplo característico, mas também porque as próprias estruturas futebolísticas tupiniquins são orientadas por diretrizes avessas ao mercado, como praticamente tudo no Brasil. Paulo Nobre terá o segundo mandato inteiro como presidente da SEP pela frente; terá que repensar inúmeros aspectos de sua gestão para o futebol do clube, área em que cometeu erros homéricos (não seriam fruto exatamente do arcaísmo que ainda vigora?), todavia, continua com a faca e o queijo na mão para ser pioneiro no sentido de estabelecer padrões administrativos voltados ao empreendedorismo esportivo e à eficiência de mercado, fatores salutares que a modernidade exige. É necessário valorizar a marca (e que potencial ela tem!), não apenas economizar, mas sobretudo ousar visando gerar novas receitas, criar estratégias agressivas de marketing, saber atrair investidores, enfim, gerir o clube como uma empresa - levar boutiques móveis em jogos fora da cidade de São Paulo, promover sessões de autógrafo com ídolos do passado nessas mesmas ocasiões, tornar mais atrativo o programa de sócio-torcedor, precificar os ingressos de acordo com a demanda das partidas, elaborar mais parcerias como no caso da Diletto, são apenas algumas das possibilidades que o clube tem ao seu dispor. As estruturas antimercado serão um obstáculo difícil de remover, contudo, é preciso começar de algum ponto. Ponto crucial para que o futebol brasileiro escolha pela modernidade mercadológica ou por outros 7x1...

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O preço dos ingressos no futebol e os comentaristas populistas


O preço médio dos ingressos para partidas de futebol no Brasil, atualmente, não é barato. A maioria dos clubes brasileiros possui dívidas significativas e, muitos desses clubes, não têm conseguido gerar receitas, seja em função da gritante falta de organização administrativa que afeta a eles próprios, do descaso da CBF, do calendário do futebol tupiniquim, vetor de campeonatos deficitários e desprovidos de apelo e que impede ainda a realização de pré-temporadas em locais alternativos à praça de cada agremiação, fonte de montantes e marketing largamente adotada pelo europeus, ou devido à distorção promovida pela TV Globo, detentora dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, cuja atuação promove a progressiva "espanholização" do futebol nacional, contribuindo, além disso, com a fuga de patrocinadores, desinteressados de investir em um cenário no qual grande parte dos clubes mal tem a oportunidade de aparecer. Em vista disso, as altas quantias cobradas pelos ingressos acabam se tornando o caminho praticamente único para a obtenção de verbas, mesmo assim, esbarrando na máfia da meia-entrada e devendo-se considerar a questão recente dos programas de sócio-torcedor, em que o pagamento mensal por um plano oferece opções a preços bem mais baixos.
Não defendo que o valor dos bilhetes deva se manter elevado como um todo, descartando a possibilidade dos chamados "ingressos populares", mas no cenário vigente é inevitável que o torcedor venha a se deparar com preços salgados. Alguns clubes têm ensaiado a precificação por demanda, estratégia inteligente pela qual o valor dos ingressos varia de acordo com o apelo de cada partida, o que nada mais é do que uma simples e eficiente lei de mercado, mas que ainda requer maior desenvolvimento e transparência por parte dos dirigentes envolvidos com a coisa.
Comentaristas populistas, vide Flávio Gomes e Lúcio de Castro, conseguem seus minutos de fama com análises rasteiras e recheadas de clichês, como lhes é peculiar. Para eles, está em curso um processo de elitização/higienização do futebol brasileiro com o objetivo de eliminar dos estádios o torcedor de baixa renda, como se o problema girasse em torno do conceito de classe social. Também segundo tais comentaristas, o futebol é uma expressão da cultura popular que vem sendo paulatinamente transformada pelo "futebol negócio".
Visões contaminadas pelo ideologismo esquerdista, além de se mostrarem inúteis, são incapazes de avaliar a complexidade da questão. Em suas vidas particulares os indivíduos agem com base em escolhas e preferências, de modo que nada impede um cidadão de administrar seu dinheiro de acordo com o que melhor lhe aprouver. Há quem prefira ser mais assíduo em partidas de futebol do que comprar livros, ou até do que se alimentar minimamente bem. Por outro lado, é possível ficar juntando dinheiro durante um bom tempo para reformar a casa, comprar um carro ou fazer uma viagem, relegando a ida a jogos de futebol a um segundo plano, bem como gerir os ganhos dando prioridade a fatores como saúde, educação, vestimenta, etc.. E isso não é de hoje: lembro bem dos anos 1980 e 1990, quando frequentava estádios de maneira regular e cansei de ouvir torcedor dizendo que havia deixado de comprar leite para poder ir ao jogo. Torcedores cujos ganhos mensais são menores não estão alijados dos estádios: podem obter, legalmente ou não, carteiras de estudante, podem aderir a um plano de sócio-torcedor pagando R$ 20 ou R$ 30 por mês, o que confere bons descontos, podem ainda armar esquemas com organizadas e cambistas (o que não é coibido pelas autoridades), ou simplesmente torrar o que têm e o que não têm indo assistir às partidas. As escolhas valem também, obviamente, para o torcedor mais abastado: ir a um bom restaurante, assistir a um show, comprar um vinho importado ou ir ao estádio ver um bando de perebas às 22 horas em pleno dia de semana? O vazio das arquibancadas, observado desde meados da década de 1980, tem causas múltiplas.
Quem me conhece sabe que tenho ojeriza ao culturalismo, que expurga a liberdade individual em nome de forças culturais abstratas e castradoras, por isso, prefiro admitir a cultura como um fator semi-opcional em relação ao qual as pessoas se inserem mais ou menos em função de suas próprias escolhas, daí justamente a compreensão da cultura a partir do movimento histórico, que lhe confere caráter mutável e aberto. Se algum dia o futebol no Brasil foi realmente expressão da cultura popular, com toda generalização que a ideia traz embutida, sobretudo quando se leva em conta a diversidade cultural que caracteriza um país continental e mestiço, essa cultura se transformou e continuará se transformando. As opções de lazer que hoje estão disponíveis não existiam há trinta ou quarenta anos: internet, TV a cabo, pay-per-view, shoppings, salas de cinema, parques, lanchonetes, tudo isso cresceu de forma exponencial e passou a se apresentar como alternativa em relação aos estádios. É bem verdade que a gama de opções nem sempre é vasta dependendo da cidade ou região, todavia, nesses locais a presença do torcedor nas partidas costuma ser maior. Questão de escolha e de alternativas disponíveis.
Flavio Gomes e Lucio de Castro defendem a continuidade dos campeonatos estaduais, certames deficitários e que deixaram de ter apelo junto às torcidas, aí também um dado revelador de mudanças culturais que eles parecem não notar. A logística que uma partida de campeonato estadual demanda para um clube - pessoal, viagem, transporte, hospedagem, alimentação, material esportivo, iluminação, água e algumas vezes aluguel do estádio -  são elementos que, somados às baixas rendas, provocam déficits orçamentários altamente prejudiciais às agremiações. É o cúmulo sustentar a manutenção dos estaduais, que ainda por cima atrapalham o calendário, e depois reclamar dos preços dos ingressos. Risco de violência, horários absurdos de muitas partidas, carência de transporte no acesso aos estádios, dificuldade de mobilidade urbana, campeonatos desinteressantes e mal organizados, elencos repletos de jogadores ruins são fatores negativos que afastam os torcedores dos estádios, independente de classe social. Nunca observo os comentaristas populistas levantando essa temática, quanto menos tentando propor soluções acerca do problema. Se o futebol brasileiro realmente fosse pautado pelo negócio, nos moldes de um Bayern de Munique, por exemplo, não estaria na crise que ora se apresenta. A continuar desse jeito, e tudo indica que assim será, virão outros 7x1 por aí. Motivo para gargalhadas!

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Lógica petista


A lógica do atual governo brasileiro, se não fosse trágica, seria cômica. Trata-se muito mais, na verdade, de um caso de ausência de lógica. Até nesse quesito o PT foi capaz de promover uma manipulação dos conceitos que faz o partido permanecer no poder, mesmo diante da incompetência administrativa, dos equívocos na condução da política econômica, da política externa e, evidentemente, da corrupção sistêmica, oficialmente organizada e, repito novamente, praticada não como desvio fortuito para favorecimento econômico-financeiro de agentes individuais, mas sim como modus operandi cujo objetivo é a obtenção de vantagens políticas por meio de cooptação com vistas à perpetuação de poder, arcabouço infinitamente mais grave, pois compromete seriamente as liberdades civis, as instituições e os próprios alicerces do sistema democrático. O PT representa um claríssimo retrocesso às formas tirânicas de governo, embora grande parte das pessoas que deveriam ter isso em mente, não conseguem notá-lo.
De acordo com a lógica abstrusa do petismo, a realidade é o contrário da forma como se apresenta: quanto mais corrupção melhor, já que assim o governo pode vender a ideia de que está preocupado em investigar tudo e punir os culpados. Isso, no entanto, é absolutamente falso. Não há como o réu investigar a si próprio, mas uma vez estabelecido o aparelhamento da máquina pública, os comandantes do governo continuam blindados e se escondem atrás do véu da suposta desinformação: "não sabíamos de nada". Aqueles poucos representantes das esferas de poder que ainda se mantêm independentes, tão logo ousam se posicionar a favor das evidências, da ética, das instituições, da sociedade, da democracia e da liberdade, mas contra o PT, prontamente passam a ser perseguidos: foi assim com a tentativa de barrar a prerrogativa de investigação do MP, foi assim com Joaquim Barbosa, foi assim que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, agorinha mesmo, manifestou a intenção de abrir inquérito contra delegados da PF que teriam incorrido em "desvio de conduta", entenda-se, criticar o PT. É sempre assim com a imprensa de oposição, um dos últimos bastiões de resistência à ditadura petista, a qual o governo procura amordaçar a qualquer custo.
Até mesmo nas situações em que membros do governo petista são punidos, dá-se um jeito de aliviar a barra dos condenados, haja vista o que se sucedeu quando da aceitação dos Embargos Infringentes pelo STF: depois da aposentadoria de Ayres Britto e com a indicação programada de dois ministros alinhados ao petismo, as penas do núcleo político foram abrandadas. Hoje, o mentor do Mensalão, José Dirceu, cumpre pena reduzida em regime domiciliar, enquanto Marcos Valério, o laranja em torno do qual o PT conseguiu jogar a maior responsabilidade, foi condenado a 37 anos de prisão. Esse governo quer mesmo investigar, julgar e punir culpados? Se você acredita nisso, não passa de um tolo completo!
Ainda que, sem correr risco de ingenuidade (há poucos dias chegou a notícia de que o ministro Augusto Nardes, presidente do TCU, avisou pessoalmente a Lula e Dilma Rousseff com relação ao superfaturamento em obras da Petrobrás; avisos tais, que foram reiteradamente desprezados), alguém pudesse permanecer sustentando que a alta cúpula petista jamais soube de nada sobre os mais amplos, mais pandêmicos e mais vultosos esquemas de corrupção envolvendo o próprio partido, não seria a atuação governamental exemplo inadmissível de omissão, negligência ou falta de cuidado com a coisa pública? Já em 2005 o PT tentava se safar usando dessa tática e, passados nove anos desde então, a ladainha continua, as mesmas pessoas afirmando, sem um pingo de vergonha, a mesmíssima coisa! Omissão, negligência e falta de cuidado elevados à enésima potência! Ou seria cinismo? Você é quem sabe...
Em 1992, os chamados caras-pintadas foram saudados, sobretudo pelo PT, como representantes das virtudes democráticas e do apreço pela ética na política. Saíram às ruas, gritaram contra o governo Collor, fez-se um impeachment. Justo. Quase duas décadas e meia depois, em um contexto marcado por escândalos de corrupção imensamente piores, na medida em que envolvem mais agentes - corruptores ou corrompidos - , valores maiores e principalmente porque visam solapar a liberdade e a democracia, parte da sociedade que não aceita uma governança dessa natureza volta a se manifestar nas ruas. Para o PT, que arrasta consigo os intelectualóides da marxologia extemporânea e os fanáticos desinformados, ainda crentes no desenvolvimentismo e na "justiça social", são ações de uma "elite reacionária e fascista", seja lá o que isso possa significar. Estranhamente (ou nem tanto...) quando black blocks depredam patrimônio alheio, ateiam fogo em veículos de civis e matam cinegrafistas ou quando um defensor do totalitarismo comunista como Guilherme Boulos organiza passeatas para pedir a criação de conselhos revolucionários à moda cubana, são gente do bem, segundo o governo. Contradição ou lógica petista, não importa, é mais uma faceta da lastimável realidade política que nos assola.

sábado, 1 de novembro de 2014

O verdadeiro foco do ódio e do preconceito. A quem interessar possa...


Após findada a corrida presidencial, com a vitória do PT e a nefasta consequência que tal desfecho significa para o presente e o futuro nacionais, o governo e sua imprensa amestrada trataram logo de promover um discurso cujo objetivo é fazer as pessoas esquecerem aquilo mesmo que pautou a campanha petista. Se, por um lado, não deixa de ser impressionante observar como muitos compram a ideia, por outro, é trivial a noção de que as ditaduras de massa na história mais recente precisaram contar com o apoio leniente da população para se estabelecerem. Trata-se de um sinal importante.
Os pensadores liberais devem levar em conta que uma mudança se processou neste pleito eleitoral: a reeleição de Dilma foi bem mais apertada do que as disputas de 2002, 2006 e 2010 e, dois aspectos somados, a quantidade de abstenções altíssima - irresponsável, é verdade - e a própria votação obtida por Aécio Neves, revelam um enorme porcentual de eleitores que rejeitam o governo e as práticas petistas. Um quadro pintado com essas cores talvez sirva de alento se pensarmos que o apoio de massa necessário ao PT para consolidar de vez seu autoritarismo encontra um obstáculo poderoso em cerca de 80 milhões de eleitores (quem será que tenta a todo custo jogar uns contra os outros?!).
O PT, único partido brasileiro que possui militância organizada em base nacional, alocada em estatais, órgãos de educação, sindicatos e parte considerável da imprensa, sabe muito bem disso e passa a fazer uso de estratégia sorrateira na tentativa de se travestir com pele de cordeiro. O dissenso democrático é ruim para o PT, portanto, o partido procura agora, ao término do pleito, criar um consenso incondicional e antidemocrático, elemento que não pode existir em uma sociedade livre. O terrorismo eleitoral de campanha passou a ceder lugar à retórica do diálogo e da união. Ora, uma sigla sectarista e que até hoje ainda aposta em luta de classes somente pode acenar em termos de diálogo e união enquanto tática gramsciana de cooptação. O PT só pode passar ileso de um discurso de ódio, pautado no "nós contra eles, pobres contra ricos" para a retórica pacificadora, se a própria população embarcar nesta ideia. Aí mora o perigo.
Ninguém pode esquecer, ressalto novamente, o viés sectário que o PT encarna desde sua sigla, bem como a orientação político-ideológica que compõe o cerne de suas orientações, direcionadas para a necessidade de eliminar um setor da sociedade. Se tais características tivessem sido lembradas anteriormente, é possível que jamais um partido como esse chegasse ao poder, mas não adianta chorar sobre o leite derramado. O que resta é ter em mente a mudança que mencionei de início e estar atento ao falso discurso petista. Desse modo, vale refrescar a memória também com relação a acontecimentos que desnudam a natureza do PT: quem acusou "brancos de olhos azuis" como responsáveis pela crise econômica de 2008?; quem não admite a oposição democrática, tachando a mesma de "fascista"?; quem exultou a fúria vândala e intolerante de um grupelho esquerdista contra a imprensa livre?; quem odeia a classe média?; quem advoga a tese absurda segundo a qual o antipetismo é fruto de preconceitos étnicos e raciais?; quem faz terrorismo eleitoral, manipulando a pobreza e a falta de instrução como modo de demonizar a simples possibilidade de alternância de poder?; quem lança mão de sórdida adjetivação - "filhinho de papai", "playboy", "riquinho" - para se referir não aos que têm mais posses, mas a todos que não compactuam com o coitadismo e com o populismo assistencialista?
Não existem diferenças profundas entre o voto de cabresto praticado na época da República Velha e o que ocorre atualmente no governo do PT. Alguns poderão dizer que os coronéis agiam com base em ameaças físicas e que a votação não era secreta, no entanto, se alguns avanços democráticos conquistados de lá para cá impedem a mesma forma de intimidação, o forte apelo populista do discurso de Lula confere violência psicológica acentuada ao estilo petista de campanha e um sistema de votação em relação ao qual crescem suspeitas a cada dia, deixa sérias dúvidas quanto à lisura do processo eleitoral. O fato é que o populismo assistencialista foi explorado à exaustão pelo PT, dando margem ao voto de cabresto do século XXI e mantendo sob tutela governamental um contingente de pessoas que, na realidade, são vítimas. Não se trata de acusar nordestinos e nortistas de não saberem votar, como quer dar a entender o PT com o objetivo de semear o ódio, mas de denunciar uma prática que, ao invés de gerar votos, gera troca de favores. Isso é democracia?
Até agora nas redes sociais, acompanhado do título "a quem interessar possa", multiplica-se um gráfico mostrando o total absoluto de votos de cada candidato considerando-se, de um lado, Norte e Nordeste e, de outro, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, sendo que Dilma obteve maior votação nestas três últimas regiões, o que então revelaria o suposto preconceito da porção rica do país contra os mais pobres. Quem se presta a divulgar isso ou é idiota ou age de ma-fé. Se forem somados os eleitores do Norte e do Nordeste, não se chega a 40% do eleitorado, logo, a estatística correta deve se basear no porcentual de votos de cada candidato por região. É evidente que o cabresto torna o PT muito mais votado proporcionalmente no Norte e Nordeste. São vítimas, ressalte-se uma vez mais. Ao contrário do petismo, aí sim preconceituoso e propagador dó ódio contra aqueles que se opõem ao seu autoritarismo, os liberais devem considerar que mesmo nos grotões a oposição obteve votos. Em um país mestiço como o Brasil, repleto de diversidades regionais e no qual as migrações internas, apesar de terem diminuído, ainda ocorrem, não há como pensar em separatismo. Nosso papel é apontar claramente de onde exala o odor fétido do ódio e do autoritarismo, típicos das práticas esquerdistas, típicos do PT, desde sua gênese e nítidos em seu modo de governar. Separatismo? Não. Quem sabe o federalismo? Assunto para um artigo futuro.

sábado, 18 de outubro de 2014

Lucro não é pecado: breve lição de liberalismo econômico


Todas as pessoas cujas noções sobre economia, história e sociologia foram tomadas sem que não estivessem contaminadas por uma doutrina datada e falha, até hoje enxergam qualquer atividade geradora de lucro como sendo um pecado. Infelizmente, essas não são poucas e as palavras de Friedrich von Hayek, escritas na década de 1940, permanecem plenamente atuais: "não podemos censurar os nossos jovens quando preferem o emprego seguro e assalariado ao risco do livre empreendimento, pois desde a mais tenra idade ouviram falar daquele como de uma ocupação superior, mais altruísta e mais desinteressada; a geração de hoje cresceu num mundo em que, na escola e na imprensa, o espírito da livre iniciativa é apresentado como indigno e o lucro como imoral, onde se considera uma exploração dar emprego a cem pessoas, ao passo que chefiar o mesmo número de funcionários públicos é uma ocupação honrosa". Poder-se-ia acrescentar que a mesma ideia expressa na reflexão de Hayek é aquela que, se de um lado, e por razões ideológicas e políticas, condena o lucro capitalista, por outro, não vê problema nenhum nas vantagens obtidas por uma burocracia sindical ou nos favorecimentos fornecidos a inúmeros lacaios do poder estabelecido...
De fato, a lógica da mais-valia, ainda que tenha sido refutada categoricamente por Eugen von Böhm-Bawerk há mais de um século, funciona como um canto de sereia e uma cláusula pétrea na mente dos esquerdistas. Do mesmo modo, a impossibilidade do cálculo em um regime do tipo socialista, demonstrada por Ludwig von Mises, também há décadas, parece não incomodar minimamente os adeptos de sistemas centralizados quanto à imensa contradição em que vivem mergulhados. As mentiras fáceis adoçam os ouvidos de quem pretende instalar no mundo terreno um suposto paraíso do igualitarismo baseado em resultados finais, não em equidade de oportunidades a serem aproveitadas de acordo com o mérito e a responsabilidade individuais. Assim, reforçadas pela propaganda e pela doutrinação, tais mentiras se tornam verdades dogmáticas e quando alguém ousa contestá-las, deverá estar pronto para receber os mais vis ataques pessoais. Sempre que os argumentos de um esquerdista são pulverizados, resultado até fácil de se conseguir, a tática empregada por ele é inconfundivelmente ad hominem. Não nos faltam exemplos de dissidentes comunistas que ao longo da história sofreram este tipo de perseguição.
Voltando a Mises, a questão da impossibilidade do cálculo em regimes socialistas é interessante, já que levanta várias análises adjacentes. Em um arranjo econômico no qual a produção e a precificação estão amarrados às decisões estatais, evidentemente inexiste mercado e, além da submissão dos produtores ao autoritarismo, causadora de acentuadas baixas de produtividade, a alocação de recursos e a precificação só podem ser realizadas de modo arbitrário, determinando, por sua vez, uma necessidade de controle cada vez maior por parte do Estado, quadro que não leva à outra direção senão ao fim das liberdades civis - o igualitarismo econômico provoca uma extrema concentração de poder e, dessa forma, também a desigualdade política. Como se nota, a abolição do Estado, meta final do comunismo, está em contrariedade com a própria organização econômica que ele sugere.
O resultado da planificação socialista é a carestia, de vez que sem precificação real e dinâmica e sem concorrência de mercado, não há tampouco investimentos e estímulos à produção. Incapaz não só de distribuir, como também de produzir riquezas, o regime socialista espalha a miséria e está inelutavelmente fadado ao fracasso.
No capitalismo liberal, onde o lucro baseado no trabalho e nos investimentos é estimulado, a concorrência de mercado promove a correta alocação dos recursos e a precificação surge daí como seu elemento correlato. Os empresários são obrigados a competir no mercado, buscando oferecer seus produtos de maneira a proporcionar aos consumidores uma boa relação custo-benefício, do contrário, tendem a perder a concorrência. Cabe observar que neste arcabouço, os consumidores podem e dever exercer seu contrapoder em termos de escolha perante os concorrentes, aspecto que revela o sentido duplo no mecanismo de precificação, atrelado à disponibilidade dos recursos e à concorrência, conforme a produtividade das empresas.
O fenômeno do mercado negro, potencializado pela carestia, é típico da planificação estatal. Desobrigado da concorrência e sabedor de que a demanda supera exponencialmente a oferta, o agente clandestino vê o caminho aberto para cobrar preços que nunca estarão alinhados com nenhuma regra de precificação. É nestas situações que a população se vê verdadeiramente explorada, justamente porque a incapacidade do Estado em gerir a economia promove uma demanda que não pode ser suprida dentro dos parâmetros da normalidade.
O lucro não é algo artificial surgido do nada, de uma suposta ganância dos empresários ou somente derivado de uma teoria inadequada que não considera o quesito tempo em economia nem outro fator além do capital vivo. Lucro, portanto, está bem longe de poder ser visto como pecado.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Sacerdotes da irresponsabilidade


A corrida pela presidência da República está a todo vapor e, se de um lado podemos observar propostas por mudanças em relação a tudo de ruim que o PT causou e ainda causa ao país, do outro, por parte daqueles que ora representam o poder e o status quo, nada há além de mentiras, sordidez e retórica terrorista. Não surpreende e basta lembrar a fala de Rui Falcão: "não sabem do que somos capazes". Sabemos.
Logo após o resultado do 1° turno, este sim surpreendente em função do que vinham apontando as pesquisas de intenção de voto, - terá sido um enorme erro dos institutos de pesquisa ou outra coisa? - o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou que a votação majoritária de Dilma nas localidades mais pobres do Brasil é fruto da falta de informação. Trata-se de uma análise trivial e todo mundo que sabe da importância da educação de qualidade é capaz de reconhecer que a carência de instrução torna a manipulação política muito mais fácil. Elementar, exceto para a bancada comuno-petista-esquerdista, de acordo com a qual, inclusive, divulgar a origem dos votos de cada candidato é inadmissível. Falta de informação, em não poucas situações, se deve às tentativas oficiais de omitir a informação... expediente autoritário...
Os Wyllys, os Duviviers, os Safatles os Sakamotos et caterva, espalhados pelas escolas, pelos cursos pré-vestibulares, pelas universidades e por vastos setores da imprensa prontamente se manifestaram contra a banal constatação de FHC, usando, como tipicamente o fazem, de artifícios politicamente corretos e acusando seus adversários daquilo que eles mesmos são. Gente que se orienta antes pela ideologia do que pela reflexão isenta e cuja própria ideologia é inconfundivelmente autoritária, não tem moral para defender democracia e diversidade de ideias - esquerdismo e democracia se relacionam antagonicamente. São caras de pau, isso sim! De acordo com Jean Wyllys, por exemplo, atribuir os votos no PT à falta de informação é preconceito, mas ele apontar como sendo homofóbicos e fascistas aqueles que discordam do seu gayzismo é perfeitamente válido. Grande paladino das causas humanitárias e dos direitos civis... dos que coadunam com sua visão...
Marx jamais pisou em uma fábrica, jamais executou trabalhos braçais, mesmo assim acreditava ser o porta-voz dos proletários, a classe que, segundo ele, seria a única a possuir consciência. Tem-se aí uma contradição monstruosa da teoria marxiana, todavia, Marx atribuía a si um papel sacerdotal, do mesmo modo como procedem seus seguidores, pretensamente doutos. Nenhum deles faz parte do povão, muito pelo contrário, atuam confortavelmente nas torres de marfim das cátedras ou em outros feudos em que a verba estatal costuma ser generosa. Nada de labuta pesada. Nada de farinha com bofe. Embora tenham sido doutrinados e hoje sejam doutrinadores, não se trata, evidentemente, de gente sem instrução e acesso à informação, mas de algo bem pior... Sacerdotes se julgam os intérpretes autorizados da teoria, os guardiões da liturgia e os prescritores da doutrina, compõem, a um só tempo, gênese e estrutura do autoritarismo.
A falta de informação, advinda da carência da educação de qualidade, é uma arma potente na mão dos sacerdotes, sabedores de como usá-la para fins de manipulação política e ideológica. A decência e o humanismo (oposto ao humanitarismo) mandam que medidas sejam implementadas contra tal situação. A ignorância não é deliberada e os ignorantes são vítimas. No caso dos sacerdotes, o mal tem outro nome: "irresponsabilidade". Algum remédio? Não sei, já que se está diante de uma questão psiquiátrica1, mas os responsáveis devem levar consigo o dever de remar contra a maré, denunciando, sempre que necessário, a psicopatia que insiste em nos tentar dominar.

1. Para uma ampla discussão a respeito das relações entre poder político e psiquiatria, ver Andrew Lobaczewski, Ponerologia: psicopatas no poder, Vide Editorial, Campinas, 2013.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Cultura como liberdade


O termo "cultura", com todas as implicações que traz consigo, ocupa um lugar de extrema importância para a humanidade desde o primeiro momento em que os seres humanos começaram a se organizar no que se pode chamar de civilização: existência de ordenamento político, divisão do trabalho minimamente especializada, trocas materiais (e circulação de ideias), certo desenvolvimento da vida em cidades e as próprias realizações culturais advindas de tal processo. Note-se aí que o conceito de civilização carrega sentido organizacional, nada mais.
O marco cronológico civilizacional se dá por volta da metade do terceiro milênio a. C., época em que, juntamente com a própria ideia de civilização, as sociedades começam a se preocupar com questões relacionadas à cultura. Poder-se-ia objetar que a cultura, como realização humana, tem seu início assim que os seres humanos pela primeira vez existiram sobre a Terra, sendo portanto, muito anterior à civilização. De fato, o período Pré-Histórico, a começar pelas mais remotas eras do Paleolítico, nos fornece exemplos de realizações culturais altamente significativas: a descoberta do fogo, a invenção do arco e flecha e a prática da agricultura nos bastam como exemplos incontestáveis de que a cultura acompanha o Homem bem antes que houvesse surgido qualquer tipo de organização social especializada, indicando a diferenciação básica entre natureza e cultura1. Isto posto, todavia, antes da civilização, a cultura estava mais ligada a possíveis respostas humanas, ou intervenções técnicas em relação à natureza hostil, do que traduzia inquietações sistemáticas e constantes em torno de temas diversos indicadores da complexidade da experiência do ser humano e da noção de que esta mesma experiência não pode jamais ser inteiramente compreendida. Cultura, então, a meu ver, mantém ligação íntima com a busca de significados para a transcendência sobre o material e o mundano e seus desdobramentos mais sublimes e duradouros, em última análise, se dão no âmbito da interioridade. É evidente que se tem aí um processo histórico que não descarta a cultura pré-civilizacional, como assim designei, mas meu objetivo neste artigo não é pensar uma história da cultura e sim focar a atenção nas interpretações que o conceito de cultura envolve na contemporaneidade.
Atualmente, tem sido bastante comum observar doutos e até mesmo leigos promoverem um esforço praticamente doentio no sentido de definir cultura. Ora, há um sem número de definições mais ou menos válidas que, no fim das contas, não dão conta de orientar ninguém a respeito do valor que a cultura deve ter. Enquanto muito tempo é perdido nas vãs tentativas de definição, pouca ênfase é dada na maneira como sociedades, mas sobretudo indivíduos, subsumem a cultura e como sentem e imaginam seus desdobramentos. O idealismo de Fichte, o marxismo, o nietzscheanismo, o pós-modernismo e o existencialismo de Heiddeger têm em comum o fato de adotarem uma conceituação de cultura em termos de totalidade, tipicamente antiliberal, sem que aspectos qualitativos geradores de desdobramentos universais sejam levados em conta - comentarei a respeito disso logo a seguir. Uma linha de raciocínio divergente foi defendida pelo historiador José Murilo de Carvalho em recente entrevista no programa Roda Viva e o cientista político Bolívar Lamounier também toca no assunto em seu novo e excelente livro, Tribunos, profetas e sacerdotes. Com o apoio desses pensadores, traçar as conexões entre educação, conhecimento e cultura é um ponto de partida útil, mesmo sem ser plenamente original, para a necessidade de ensaiar algo acerca das interpretações da própria cultura.
As tentativas de definição de "cultura" que abordei mais acima são interpretações voltadas para a totalidade, isto é, enxergam na cultura um elemento que já surge plenamente desenvolvido, onipotente, pronto, acabado, tentacular e que serve, mais do que qualquer coisa - e talvez somente carregada dessa função - para fins identitários2. Assim, o indivíduo que não sente afinidade com esta ou aquela cultura, que não encontra possibilidades de sublimar os desdobramentos culturais específicos em termos de transcendência e interioridade, é imediatamente lançado à anomia. Interpretada de tal modo, a cultura atua como castradora e não alcança nenhum valor passível de universalização, logo, é incapaz de pairar acima das limitações nacionais, étnicas, de classe e de gênero ou, na vertente pós-moderna, toma a forma de um niilismo cujo resultado é anárquico e autodestrutivo. Um mínimo de perspicácia e já se pode notar que estas interpretações são absolutamente autoritárias e provenientes do pensamento de esquerda. Ninguém deve esquecer que o objetivo de destruir o indivíduo, sua liberdade e sua vida interior encontraram no marxismo cultural de Gramsci (uma espécie de cadinho no qual se misturam muitos dos paradigmas de esquerda), a partir das últimas quatro ou cinco décadas, seu caminho mais eficaz e sombrio. Frisa-se uma vez mais que o resultado de tais interpretações - se não for a destruição da alta cultura, que poderá sobreviver no recôndito de mentes brilhantes - é a profunda decadência cultural, quadro este que já se verifica nitidamente em várias sociedades, alijando muitos indivíduos da possibilidade de educação, conhecimento e formação do caráter, assim acabando por condicioná-los a uma existência sem propósito.
De um ponto de vista liberal, a cultura é interpretada não a partir de sua estrutura geral e indistinta, mas sim de acordo com manifestações específicas que sejam dotadas de qualidade e valores universalizáveis. É só através desta espécie de filtragem promovida com base em critérios filosóficos e em certa medida estéticos, consolidados ao longo de séculos, que se concretiza a alta cultura, aquela que fornece aos seres humanos a oportunidade do autoconhecimento, da transcendência e da compreensão ontológica, ainda que de forma não completa, já que os mistérios precisam continuar existindo para que eles próprios abram margem para a criatividade e para o processo gerador da cultura. Nesta perspectiva, não é a cultura, assumida de maneira prescritiva, que abarca o indivíduo e o asfixia em uma prisão identitária da qual não sobram espaço nem direito para o estranhamento3, é o próprio indivíduo, dotado de liberdade, que busca a relação de afinidade com manifestações culturais diversas e potencializadoras de sublimação interior. É uma perspectiva de liberdade, valorizadora da cultura por seus elementos qualitativos, contrária à legitimação de práticas culturais causadoras de prejuízos físicos, morais ou espirituais. Se revela contrária ainda, à ideia de que tudo que existe se legitima apenas por existir, ciosa da necessidade do exame moral interior na avaliação daquilo que se apresenta diante do Homem. É a perspectiva que procuro levar comigo.

1. Longe de mim corroborar a noção marxista de natureza como mero cenário de ações humanas, dado que todas as relações do ser humano com o meio natural, sejam essas materiais ou contemplativas (em sentido lato), são vetores de cultura. O que se intenta mostrar é tão somente que a cultura depende das realizações humanas, enquanto a natureza, ao contrário, independe disto.

2. Na Grécia Antiga, berço cultural do Ocidente, em que pese a força da alteridade, é necessário considerar os contextos local e regional, muito mais significativos do que o são atualmente. Ademais, o desenvolvimento cultural grego, tributário de um processo que aliou espiritualidade e racionalismo de modo ímpar, é humanista, antes de ser propriamente grego. O classicismo e o universalismo, observados em diversos campos da cultura e da ciência gregas, são exemplos que confirmam esta avaliação. Ver Pierre Lévêque, A aventura grega, Edições Cosmos, Lisboa - Rio de Janeiro, 1967 e Werner Jaeger, Paidéia, Martins Fontes, São Paulo, 2001.

3. Para uma reflexão acerca do conceito de estranhamento, ver o ensaio de Carlo Ginzburg, "Estranhamento: Pré-história de um procedimento literário", em Olhos de Madeira, Companhia das Letras, São Paulo, 2001, pp. 15 a 41.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Avassaladora ignorância


Muito já escrevi neste espaço a respeito do tema "planejamento familiar", algo que jamais foi empreendido no Brasil, nem mesmo somente enquanto ideia a ser colocada em debate. Para um país de mais de 200 milhões de habitantes, cuja população, conforme estimativa do IBGE, irá crescer até 2042 e contando com a existência de inúmeros bolsões de pobreza nos quais a taxa de crescimento vegetativo se iguala à de nações africanas e onde muitas mães são adolescentes, solteiras e não podem sustentar nem a si próprias, quanto mais aos seus descendentes diretos, ensinar a refletir detalhadamente e realizar projeções racionais futuras a fim de decidir sobre a quantidade de filhos a serem gerados é altamente positivo e aconselhável, como não negaria nenhum especialista sério. Que o diga o grande historiador Evaldo Cabral de Mello, para quem, caso o Brasil tivesse posto em prática políticas de planejamento familiar desde os anos 1950 ou 1960, estaria atualmente em situação muito melhor.
O planejamento familiar se apresenta inicialmente como um aspecto de caráter econômico, mas evidentemente, ultrapassa em muito a esfera do puro economicismo, já que abarca questões éticas e sociais que se relacionam com o futuro da pessoa que vai nascer e daqueles que a concebem. Além disso, é elementar compreender que a Economia está muito distante de ser um campo do conhecimento restrito aos números, sendo fortemente vinculado a diversos aspectos da sociedade, lição que Friederich Von Hayek explanou há décadas. Tão claras quanto estas questões, também o é a noção de que planejar a família, como o próprio conceito de "planejar" sugere, sempre antecede o nascimento de uma pessoa, o que torna inócuo pensar nas despesas que os pais possam vir a ter depois que um filho já foi concebido. Levar em conta que uma criança necessitará de boa alimentação, cuidados médicos, vestimentas, educação e lazer é, pode-se afirmar, um dever dos pais, o que não faz deles criaturas frias e calculistas, pelo contrário, indica respeito e zelo com relação àqueles que irão colocar no mundo.
Uma das oposições mais importantes entre liberalismo e marxismo reside justamente no fato de que ao invés da primazia do econômico em detrimento das superestruturas, método de análise tipicamente derivada de Marx, os liberais jamais constroem análises em que política, religião e filosofia sejam relegadas ao segundo plano. Não pode haver liberalismo sem padrões éticos e morais, como apontaram Adam Smith e Edmund Burke, tampouco sem um profundo senso de interioridade, como mostrou Irving Babbitt.
Diante disto, é deplorável observar que pseudointelectuais como o sr. José Miguel Wisnik ainda sejam figuras tão recorrentes em países subdesenvolvidos. De acordo com Wisnik, o planejamento familiar corresponde a uma influência "avassaladora do neoliberalismo" sobre as atuais sociedades, uma prática da suposta racionalização econômica, totalizante e direcionadora no mundo de hoje. As palavras do próprio Wisnik, retiradas de um artigo intitulado Regurgitar, nos chegam assim: "O neoliberalismo, enquanto doutrina que propõe a redução formal e prática de todos os comportamentos humanos à sua expressão econômica [...], e que se propõe a decifrar todas as realidades e referências supostamente não mercadológicas em termos estritamente mercadológicos, realiza em grande parte a sua ambição universalizante, não só na macroeconomia contemporânea, mas também no imaginário cotidiano dos sujeitos atrelados em rede a seus cartões de crédito e no impacto em massa da linguagem publicitária com que convivemos a todo instante". Clap, clap, clap! Um jogo de palavras vazio e hiperbólico, como é característico de todo esquerdista encerrado na limitação ideológica.
Penso já ter discutido o suficiente no que se refere ao planejamento familiar enquanto assunto que transcende à expressão econômica, entretanto, sem conhecer nada da obra de Foucault e imaginando que o filósofo francês tenha feito análises válidas sobre o pensamento liberal que logicamente ele também desconhece, Wisnik recorre a um livro de Geoffroy de Lagasnerie (A última lição de Michel Foucault) para lançar a seguinte conclusão: "entendo que Foucault identificaria no neoliberalismo um papel significativo na quebra da lógica identitária que trabalha com as categorias da totalidade, sejam elas as religiosas ou as políticas, investidas no todo social." Wisnik tira tal conclusão a partir de Lagasnerie, sem estar convencido de que o autor de A última lição de Michel Foucault esteja correto. Mesmo assim, no final do artigo, ele procura no conceito de "hiperdialética" e no bojo da análise de Foucault e de Lagasnerie, a possibilidade de suplantar o "neoliberalismo" através da crítica interna e específica de suas supostas contradições, trazendo à tona as fraturas que quebrariam, "hiperdialeticamente", com a pretensa ação totalizante do "neoliberalismo", estratégia que não estaria ainda plenamente formulada, segundo Wisnik. A linguagem anódina e dadaísta é tragicômica, não só porque o pensamento filosófico que realmente tem algo de sublime a transmitir nos indique que o pós-modernismo de Foucault, inimigo e antípoda de qualquer liberalismo defensor do processo de liberdade como construção interior, não passa de charlatanismo, mas principalmente pela tentativa patética, da parte de Wisnik, de erigir uma reflexão acerca do liberalismo. Primeiro ele atribui falsas premissas marxistas ao liberalismo, depois, se perde completamente com Foucault, um anarquista perturbado e confuso, capaz de tecer admirações à revolução islâmica iraniana. Ao fim de tanta gororoba conceitual, nada pôde restar a Wisnik senão insistir no fim do "neoliberalismo" a partir da "hiperdialética", que ele empresta do pensador carioca Luiz Sérgio Coelho de Sampaio, qualificado pelo próprio autor como "excêntrico". Tem-se então que o "neoliberalismo" contém as armas que destruirão a si mesmo, isto é, um paradigma que visa à totalidade, mas que carrega consigo um potencial fragmentário e, em última instância, libertador. Belo exemplo de paranoia pós-moderna revestida de ranço marxista. Um nada que leva a lugar nenhum!
Wisnik acredita que vivemos em um ambiente tomado pela "avassaladora onda neoliberal", pois pensa que o liberalismo dá as cartas na China, no Oriente Médio, na Indonésia, na Rússia, na África e na América Latina. Quem fizer as contas dos contingentes populacionais de todos esses lugares certamente obterá uma quantidade que perfaz a ampla maioria dos habitantes do planeta. Se o planejamento familiar for um dos elementos constituintes da "avassaladora onda neoliberal", bastará uma simples operação de soma para que a análise de Wisnik se junte à montanha de lixo ideológico que caracteriza o esquerdismo. Avassaladora ignorância!

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Marina Silva: vale o risco?


O cenário eleitoral brasileiro que ora se delineia e que desembocará no resultado do pleito em outubro próximo é desesperador. Dentre os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas, Aécio Neves, em virtude da racionalidade econômica que defende e do maior respeito pelas normas da democracia institucional, é aquele que considero o menos pior, mas, pelo andar da carruagem e a continuar assim, o tucano parece não ter chances de alcançar o 2° turno.
Alguns analistas liberais, notadamente Reinaldo Azevedo, têm reiterado que uma possível vitória de Marina Silva poderá ser ainda mais terrível para o país do que a continuidade do PT, pois supostamente, a acriana carregaria consigo um viés revolucionário situado à esquerda do próprio PT: não é demais lembrar que, entre outras "coisitchas", Marina vê com os melhores olhos os "movimentos sociais" e recebeu com entusiasmo o decreto bolivariano de Dilma Rousseff. Tomando outro caminho, mas chegando a conclusões igualmente assustadoras, um editorial de O Estado de São Paulo publicado em 07/09 levanta a hipótese do retorno de Lula em 2018 caso ocorra um mandato marineiro a partir de 2015. Isso é plausível, segundo o editorial, porque levando-se em conta o despreparo, a ausência de propostas sólidas e a tibieza de Marina, o risco de uma crise seria grande e faria com que o ex-presidente ganhasse mais capital político do que já tem, reabrindo-lhe as portas da presidência da República.
Para qualquer liberal que se proponha a destrinchar a figura política de Marina Silva, os argumentos acima são plenamente compreensíveis, afinal, ela representa um perfil incontestavelmente esquerdista, o que muito contribui para que se possa apontar como desesperador o cenário político do país. A despeito disso, penso que nada pode ser pior do que o PT, o partido mais rico e mais bem organizado do Brasil. O partido que estabeleceu a mais sólida estrutura de poder desde o início deste século e que lhe possibilitou, até este momento, mais de uma década de governança federal, que, gramscianamente, construiu um discurso hegemônico nos círculos escolares e acadêmicos (uma das consequências mais graves do petismo), que remodelou decisivamente o populismo de modo a torná-lo não apenas uma questão política, mas cultural, que reduziu drasticamente a independência dos Três Poderes, que instituiu a corrupção não como desvio, mas como modus operandi (esse aspecto ainda não foi entendido da maneira correta nem mesmo por aqueles que hoje se manifestam contra o PT, erro de compreensão determinante a ponto da corrupção não afetar acentuadamente o juízo político-eleitoral da população brasileira), que aparelhou a máquina pública em toda a sua extensão, que controla majoritariamente os sindicatos, a miríade de falsas ONG`S e que possui uma militância cuja capacidade de se transmutar da noite para o dia em milícia revolucionária é notória e já se tornou realidade. O PT é o partido para o qual a perpetuação do poder justifica qualquer coisa. O PT é um partido absolutamente ditatorial, algo que a própria história da sigla revela desde sua fundação. Enquanto pensavam que o comunismo se deparava com seu canto de cisne e chegava ao fim com a queda do muro de Berlim e o ocaso da União Soviética, ele na verdade deitava raízes na esfera cultural e na preparação dos "intelectuais orgânicos"...
Não é nada absurdo avaliar que Marina também pode estar contaminada pelo mesmo DNA petista (ela saiu do PT, mas será que o PT saiu dela?) e que sua incapacidade e inexperiência gerais são potencializadoras do retorno de Lula, mas - triste encruzilhada! - ela provavelmente significa a última oportunidade de varrer o petismo do poder no âmbito federal. Em crise o Brasil já está há um bom tempo e, crise por crise, uma que viesse de Marina teria mais chances de ser revertida: a estrutura e a organização do PT é que protegem o partido, mantendo-o como governo mesmo em meio a tantos escândalos e equívocos práticos e ideológicos.
E se, de fato, Lula voltar firme forte em 2018? Bem, caberá à sociedade brasileira avaliar se deseja realmente que isso aconteça e, embora pelas vias mais tortas e com todas as ressalvas devidas, Marina é a alternativa que se apresenta. Além disso, se Dilma vencer, mesmo já não faltando motivo algum para alijar o PT do poder e ainda que a situação do país venha a se tornar pior do que já está, isso não impede a candidatura de Lula daqui a quatro anos, se é que com a continuidade do petismo haverá espaço para eleições...
Vale o risco de eleger Marina? Caso sejamos obrigados a escolher entre ela e Dilma no 2° turno, não tenho dúvida de que vale; no 1° turno, vou de Aécio.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O futebol brasileiro e outras mazelas


E após um longo hiato, eis que este espaço volta a dar as caras ao mundo e, principalmente, ao país do futebol (muitos e muitos risos!). Agora, na mais completa falta de elementos que possam preencher sua surrada e mentirosa propaganda, o governo vende a ideia de que a Copa do Mundo foi um sucesso (e como tem gente que compra!), mesmo com os problemas dentro e fora dos estádios, vide os casos do Mané Garrincha, do Maracanã e do ataque sofrido por torcedores ingleses em São Paulo. Mais uma vez se observa que o fato do PT estar no poder por tanto tempo é fruto sobretudo da ignorância do povo.
"A Copa foi um sucesso em termos futebolísticos", poderão afirmar: huummm..., será? Esse mundial poder até ter sido um pouco melhor do que os últimos seis que, exceto pelo de 1998, foram todos modorrentos, ainda assim, não teve partidas tão bem disputadas e emocionantes como Suécia x Romênia em 1994 ou Inglaterra x Argentina em 1998. E digo mais, se a primeira fase, com muitas seleções ridiculamente fracas proporcionou algumas goleadas que elevaram a média de gols, o mesmo não se viu a partir das oitavas, com vários empates em zero a zero.
Por outro lado, a grande diversão ocorreu no dia 08/07, com o histórico 7x1 imposto pela Alemanha contra o timeco de peladeiros vestidos de amarelo, fazendo com que meus ataques de riso permaneçam até hoje! O jogo escancarou de maneira absolutamente gritante, mais do que fatores propriamente técnicos, a total decadência tática que tomou conta do futebol brasileiro, carente de variações, engessado por esquemas superados e falta de movimentação, falho nos fundamentos e pautado pelo defensivismo. As linhas de passe executadas pelos germânicos dentro da área tupiniquim, como se aquilo fosse um treino recreativo de profissionais enfrentando crianças e a facilidade extrema na construção da sonora lavada não deixam pensar outra coisa. Para quem vivia falando do Maracanazzo de 1950, ocasião em que um duelo disputado, no qual não houve lugar para desonra, deu a vitória de virada para os uruguaios, o Mineiraço de 2014 enterra por completo a lembrança do vice obtido na primeira Copa disputada em terras brasileiras como exemplo de vexame, até porque aquilo não foi vexame, já os 7x1... (gargalhadas!). Não pense você, no entanto, que o ufanismo típico da brasilidade deixará de vicejar, pois ao invés de se preocupar com aquilo que realmente importa no desenvolvimento de uma nação, o brasileiro típico continuará acreditando que o Brasil é iluminado por um milagre sobrenatural onde nada do que compõe a realidade tem importância: ele ainda crê que seu país é o país do futebol (como se isso fosse relevante), que MPB é a melhor música (e que Chico Buarque preste para alguma coisa, seja em termos artísticos ou políticos), que aqui é o melhor lugar do mundo para se viver, que o povo Brasileiro é o mais alegre, hospitaleiro e blá-blá-blá..., enquanto isso, mais um gol da Alemanha, mais um político fazendo festa com dinheiro público, mais uma vítima da violência...
E o sr. Luiz Felipe Scolari? Bem, está no limbo do esquecimento, certo? Errado! Cerca de vinte dias depois do vexame hecatômbico, ele aparece feliz e sorridente no comando técnico do Grêmio, como se nada tivesse acontecido. Nação surreal essa onde se adora premiar a decadência e a incompetência. Será que os tricolores gaúchos ainda estão na década de 1990, aquela já longínqua época em que se "amarrava cachorro com linguiça", como afirmou um certo treinador quando questionado a respeito de eras passadas do futebol? Pois é, devem estar renovando...
Futebol à parte, daqui dois meses teremos eleições nacionais e o apagão hídrico em São Paulo, maior colégio eleitoral e mais importante unidade federal do Brasil, governada pelos tucanos há vinte anos, certamente fornecerá chumbo grosso para a campanha do PT. Sempre que devem assumir responsabilidades os políticos de qualquer partido saem pela tangente e jogam a culpa em fatores impessoais, como a natureza, mas o fato é que o PSDB se tornou tão fraco que não é preciso mesmo muito mais do que a falta de nuvens para impor outra derrota ao tucanato. Em um momento em que o "menos pior" é válido como nunca antes, a inabilidade dos tucanos, tão incompetentes e corruptos quanto o PT, mas isentos do caráter ditatorial deste, poderá nos custar mais um mandato vermelho e o comunismo cada vez mais consolidado.
Bem, no fundo, essa questão da natureza e do meio ambiente não deixa de estar intimamente relacionada com a falta d´água. Sempre ouvi de muitos professores (todos esquerdistas) que a Europa havia devastado quase por completo suas formações vegetais e, após o privilégio de ter feito minha segunda viagem ao Velho Mundo no mês passado, cheguei à conclusão de que estes professores confundem urbanização com devastação ambiental, já que em praticamente todas as cidades europeias, sejam de grande, médio ou pequeno porte, a enorme profusão de áreas verdes e parques destinados ao desfrute do cidadão e do turista revelam que o tecido urbano não precisou derrubar a vegetação para se estabelecer. Aqui no Brasil, onde se consome e se exporta toneladas de carne, as grandes massas vegetais são pulverizadas cada vez mais para a abertura de pastagens e lavouras destinadas à alimentação do gado. Assim, a despeito da falta de ação governamental, o apagão hídrico não chega a ser de todo surpreendente, de vez que as chuvas dependem em boa medida da umidade lançada pela vegetação.
E por falar em esquerdistas, eles não poderiam deixar de botar suas mãos sujas no que diz respeito ao conflito na Faixa de Gaza. É óbvio que detestam a próspera democracia liberal israelense, mais um exemplo que desmente as teses de esquerda, mas o incrível mesmo é notar os paradoxos dessa gente: se dizem contra as religiões instituídas, mas apoiam o fanatismo e as teocracias islâmicas, se dizem feministas, mas não dão um pio para protestar contra a terrível condição submissa da mulher perante o Islã, se dizem pacifistas, mas além da manjada idolatria a assassinos históricos como Che Guevara, acreditam que o terrorismo do Hamas, que ensina a prática do ódio e da mais pura violência às crianças desde os primeiros anos de sua infância, é capaz de pleitear a criação do Estado Palestino. E quando se levantam em defesa da justiça, o que têm para dizer sobre o que a China faz com o Tibete, o que o governo sírio faz com os civis, ou o que o Boko Haram faz com populações africanas? Nada! Esquerdistas, de tão safados e imbecis, não deveriam ser levados a sério, mas o problema é que o canto de sereia dessa gente embala a muitos, por isso é dever das pessoas de bem combater ferrenhamente a essa turma. Como bradava Churchill: "jamais nos renderemos"!

terça-feira, 27 de maio de 2014

A seleção não tem nada a ver com isso... E eu não tenho nada a ver com eles.


O técnico da seleção brasileira disse que ela nada tem a ver com a Copa fora do campo, ou seja, segundo Luiz Felipe Scolari, tudo de ruim que faz parte deste mundial e que não se relaciona com o que se passa exclusivamente dentro das quatro linhas não importa aos jogadores e à comissão técnica.
Evidentemente, o sr. Scolari, assim como tantos idiotas, pretende que a população torça para o escrete nacional, mas se ele e seus comandados nada têm a ver com a sujeirada nojenta que trouxe a disputa para o Brasil, como se não fossem, antes de tudo - ou pelo menos devessem ser - cidadãos, não há como desvincular os indivíduos e o corpo social dos fatores extracampo. Sendo assim, e assumindo que diante da enormidade de erros e falcatruas que envolvem a Copa 2014, há uma quantidade significativa de pessoas refratárias à descomunal tolice da pátria de chuteiras, conclui-se que muitos não irão torcer pela seleção brasileira. Repare por aí se há bandeiras nas janelas ou ruas decoradas com motivos verdes e amarelos. Eu não estou vendo nada aqui em São Paulo e cidades vizinhas. Menos mal.
O clima nada alvoroçado que antecede o início do torneio deixa claro que, bem ao contrário do que diz o chucro técnico da seleção brasileira, ela tem sim a ver com o que se passa fora do gramado. Qual o sentido da existência dos times nacionais? Ao se analisar a atual situação do futebol brasileiro e a própria declaração do sr. Scolari, a única resposta plausível indica que a seleção brasileira é um fim em si mesmo, um grupo de jogadores cuja maioria nem mesmo atua no Brasil, todos eles alheios a questões políticas e cujos objetivos em nada vão além das vantagens que cada um pode obter vestindo a camisa amarela. Inclui-se aí, logicamente, a comissão técnica que, além do comandante, conta com outra figura execrável, em relação à qual um pingo de respeito que seja, só pode ser visto como absurdo. O sr. Carlos Alberto Parreira, a meu ver um dos grandes responsáveis pela falência do futebol brasileiro, ao soltar uma pérola equiparável àquela que saiu da boca do diretor técnico, se mostrou em compasso com o mesmo. É de autoria do sr. Parreira a seguinte frase: "a CBF é o Brasil que deu certo". A CBF envolta em escândalos de corrupção, a CBF que há décadas virou as costas por completo à organização dos campeonatos, a CBF que não cuida de assuntos ligados à arbitragem, a CBF que não toma providência nenhuma em relação ao calendário bagunçado, em suma, o órgão máximo do futebol brasileiro que em nada exerce aquilo que deveria ser de sua responsabilidade. É essa a CBF que deu certo do sr. Parreira? A CBF que é a cara do Brasil, isto é, que compõe um pedaço da tragédia brasileira? Pior que é! E ainda tem gente que enxerga nesse sujeito alguém que mereça ser levado a sério.
De acordo com o sr. Scolari, seleção brasileira é uma coisa, já aquilo que a cerca em termos do país e do povo que representa, é outra completamente diferente. Segundo o coordenador Parreira, plenamente imbuído da famigerada e nefasta brasilidade, o errado é certo. Você terá coragem de torcer por esses caras? Ou você torce apenas pela seleção? Se respondeu "sim" à última pergunta, aconselho que preste bem atenção à fala do sr. Scolari, afinal, para ele, seleção não passa de um círculo fechado sem conexão com absolutamente nada que seja externo a ela. Trocando em miúdos, o comandante não enxerga vínculo entre o time e o torcedor-cidadão, que sofre na pele com a situação do país. Há três opções: caso concorde com o treinador, você é um Zé Ninguém que torcerá, se não concorda, mas mesmo assim acha que existe patriotismo envolvido na questão, torcerá porque é tonto, ou não torcerá e mostrará respeito por si próprio, assim como merecerá o respeito por parte daqueles que têm nojo disso tudo que está aí. A escolha é de cada um. Em tempo, fica mais outra indagação: por que a imprensa se dispõe a cobrir esse evento maldito?

terça-feira, 6 de maio de 2014

Caos nosso de cada dia


O Brasil vive um momento esquisito: as denúncias de corrupção continuam pululando uma atrás da outra, um mar de lama sem igual e o governo, como sempre, procurando minimizar a gravidade da situação, coisa que faz com sucesso desde 2005, já que se aproveita de uma oposição inexistente e de uma população em estado de catarse, a despeito das enganosas ondas de "despertar do gigante", pura ingenuidade de gente que costuma se bem intencionada, mas incapaz de vislumbrar com mínima exatidão o que acontece por aqui.
Dentro de pouco mais de trinta dias, se iniciará a Copa do Mundo, evento esportivo que pode ter consequências políticas das mais importantes. Enquanto a competição estiver acontecendo, com a seleção nacional viva ou não na disputa, será o foco das atenções para grande parcela do povo, portanto, a influência que ela terá nos rumos do país só poderá ser explorada e sentida quando faltar um tempo bastante curto para as eleições de outubro, para o bem ou para o mal. Em um Brasil de tantos absurdos, o fator Copa interferindo na política é só mais um deles. E se tudo já estiver previamente arranjado para que o escrete tupiniquim conquiste a taça? Dá para duvidar? Em tempo: se algum jogador convocado recusasse o chamado de Luiz Felipe Scolari em função de posições políticas e ideológicas, de imediato, se tornaria para mim um herói (como propôs Joseph Campbell, o herói é aquele que renuncia a uma oportunidade em nome de outra, mais fugaz, mas também, muito mais grandiosa). A esse tipo de conjectura, dá-se o nome de "utopia".
Voltando à política em si, um conceito distorcido de política e daquilo que se relaciona ao político é sempre invocado quando quem detém o poder tenta deslegitimar um debate. Assim procede o PT através de seus quadros, pois têm sido absolutamente corriqueiro observá-los dando declarações em relação à CPI da Petrobrás, ressaltando de modo veemente que a mesma não pode enveredar por um caminho político (talvez por isso o governo terá maioria na comissão, inclusive comandando presidência e relatoria...). Ora, mas é óbvio que, queiram ou não os governistas, trata-se sim de uma questão política, ainda mais porque envolve uma empresa pública cujos diretores e ex-diretores, além do próprio governo, devem satisfações não aos partidos da "oposição", mas sim à população brasileira. O PT tem usado a Petrobrás obedecendo a velhas táticas esquerdistas: aparelhamento da máquina pública e populismo, patologias administrativas que destroem as instituições e impedem que a política seja entendida e exercida a partir daquilo que a define, isto é, participação à base de ideias e repertório argumentativo. Desde Aristóteles a política é condição sine qua non para que se erija a condição humana. O PT quer eliminar a política, mas faz politicagem.
E no intuito de gerar o caos para com isso acentuar progressivamente a ditadura gramsciana, o mesmo PT, juntamente com seus acólitos, permanece insuflando o ódio de classes no país: qualquer evento, por mínimo que seja, serve a esse propósito, até mesmo o preço dos ingressos para partidas de futebol e a presença de público nos estádios. Segundo o sr. Lucio de Castro, da ESPN Brasil, está em curso um projeto de "elitização" dos estádios, salvo exceções como o Fluminense. Engraçado: Peter Siemsen não é um membro da elite? Ou é um membro da elite que age contra a elite? Ah, já sei, é porque o presidente do clube das Laranjeiras, tem "consciência social", apesar de ser da elite. Logo no Fluminense, um clube de raízes elitistas... . Mas, devemos insistir: que elite é essa, a elite política? Como, se o Brasil é controlado por um partido de esquerda e se os partidos não-governistas são todos de esquerda, ou, no mínimo, de centro-esquerda? Será a elite econômica? Hummmm..., aquela que é composta por empresários amigos da realeza, liderada por um partido de esquerda? Talvez a elite intelectual, formada majoritariamente por... "intelectualóides" esquerdistas, muito bem representados por ninguém mais, ninguém menos, do que ele, o próprio sr. Lucio de Castro! Agora, sem ironias, é preciso ser de uma idiotice ímpar para não enxergar que vivemos o completo oposto de uma "elitização", ou seja, devido à paulatina desvalorização da cultura, da moral e dos interditos sem os quais não há possibilidade de existência de qualquer sociedade, a massificação que tomou conta do Brasil, vetorizada pela canalhice esquerdista, tenta empurrar goela abaixo das pessoas de bem que o descumprimento de normas básicas de convívio não existe e não passa de uma mistificação preconceituosa. Assim, defendem que todo tipo de comportamento, independente de causar prejuízos à vida em sociedade, deve ser aceito normalmente.
É ou não é o caos? Ele já está instalado!